His own path

“Composições inesperadas, que mesclam o real e o irreal, despertam personagens imersos em um estado de introspecção, que parecem ganhar vida diante de nossos olhos, reanimando-os em uma instância narrativa única. Somos chamados a questionar nossa origem, os ciclos vitais e nosso propósito neste mundo em constante mudança. O fotógrafo nos presenteia com um olhar resiliente, que aceita nossa vulnerabilidade e busca compreender os estranhos caminhos da humanidade. Ele nos ensina a olhar além do fragmento e captar a totalidade, buscando a essência do todo.

 Em imagens meticulosamente capturadas na penumbra, somos convidados a adentrar a antessala das sensações inomináveis, levados a explorar os recônditos do inconsciente. A luz tênue e os enigmas que emergem dessas composições atmosféricas nos conduzem a um território misterioso, onde poucas palavras são necessárias para expressar o inexprimível.

A cidade se torna palco de uma revolução monocromática, reivindicando nossa atenção e despertando em nós um senso de levante. À medida que prosseguimos nessa jornada, somos direcionados a composições abstratas que transcendem a realidade material e nos guiam a uma trilha sonora. Sombra e luz se entrelaçam nessa sinfonia silenciosa enquanto prédios se projetam contra o céu, e as pessoas caminham envoltas em seu próprio pensamento. Em meio ao caos urbano, pequenos oásis brotam numa visão encantadora, como uma árvore solitária emoldurada por um halo de luz dança suavemente ao sabor do vento. As folhas que filtram a luz criam um espetáculo de sombras em constate movimento no chão de pedra, dando vida àquela solitária figura, contando histórias através de suas formas e contornos. Cada clique se torna um fragmento de felicidade eternizado em preto e branco, cada feixe de luz um lembrete de vida encontrado nos momentos mais simples e efêmeros. Como o artista Luiz Paulo Baravelli aponta, felicidade é um feixe de luz que bate no pátio.  

Na cultura tradicional japonesa, o “MA” está presente quase que de forma intuitiva nos hábitos, nas artes e nas relações interpessoais. Com diversas semânticas, “MA” pode significar tanto o intervalo entre as coisas, o espaço entre os objetos, o silêncio entre sons ou a quietude entre as ações. Podemos nos apoiar e refletir sobre a relação estabelecida com o conceito “MA” como uma possibilidade a ser manifestada de várias maneiras, o tempo, a pausa e o silêncio; ou o vazio, o espaço entre, e o espaço e tempo, como uma preparação para se chegar a um novo lugar, quase espiritual, porém necessário para o que está por vir, na efemeridade e impermanência da vida. Reconhecer esse signo, nos faz encontrar forças para os contornos que enfrentamos ao longo de nossa jornada, e que Mario Baptista provoca nos fazendo observar também essas nuances sutis que se fazem brotar.

 Núcleos vibrantes, linhas retas e texturas intrigantes despertam a nossa imaginação, convidando-nos a desbravar os recantos da nossa mente e a explorar os mistérios da nossa intuição. Como uma linha mestra mesmo, nos convidando a percorrer como alternativa o olhar para dentro de si.

 Dentro dessa paisagem o artista captura a essência da condição humana, tornando as imagens espelhos a fim de refletir nosso anseio por conexão, nossa busca por significado e nossa eterna vontade de explorar. Com bastante sensibilidade para os aspectos físicos quanto emocionais, ele nos chama a transcender suas próprias limitações e abraçar a vastidão das infinitas possibilidades. E esse questionamento que ele levanta se assemelha à elucubração presente na obra de Antônio Dias, “Anywhere is my land”, que nos questiona que o lar não está confinado a um local geográfico, mas reside dentre nós. Redefinindo o conceito de pertencimento, afirmando que ele não se limita a um ponto fixo em um mapa, mas sim em um estado de ser em constate evolução, o que nos inspira a abraçar a fluidez de nossas identidades, a encontrar consolo na vastidão do desconhecido e a recorrer que nosso verdadeiro lar está dentro de nós mesmos.

 Este livro é um convite à introspecção, à contemplação e ao despertar para a busca interior. É uma ode à nossa capacidade de transformar o banal em extraordinário, de encontrar significado nas entrelinhas do cotidiano. Através das imagens somos desafiados a trilhar nosso próprio caminho, a explorar as profundezas de nosso ser e a descobrir as conexões que nos unem a tudo o que nos rodeia.

 Que este livro seja um guia para sua própria jornada interior, um convite para se perder e se encontrar nas lacunas da existência e que seja um ponto de partida para suas próprias reflexões e revelações, conduzindo-o em direção à compreensão de quem você é e do seu propósito neste vasto universo, desafiando-o a questionar as noções pré-concebidas e explorar o desconhecido.

 Bem-vindo ao seu próprio caminho, ao encontro com o seu eu.”

 Samantha Piza