Animando o inanimado

Ativação por meio de composições inesperadas e com pitada de irrealismo, de personagens de carne e osso ou representados por imagens, em contraponto a ações que ocorrem no entorno de modo a deslocá-los de sua função cotidiana para inseri-lo numa instância narrativa que os reanimam. Um homem com ares de segurança que se materializa aparição fantasmática; a santidade enquadrada pela janela; o grafite que mimetiza o vestuário do homem que passa; os três personagens que parece dançar dada a simetria da composição; a mulher cuja posição, expressão e cor parece uma estátua no ambiente barroco e as imagens (um pouco mais recorrentes) do personagem no quadro que nos olha quase em súplica; esculturas que a depender do ângulo de abordagem, também se revitalizam ao olhar para a igreja ou pelo jogo de luz e sombra que as humanizam. Metalinguagem fotográfica da transformação do realismo em imaginário.

Eder Chiodetto